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LUGAR DOS ROMANZINHOS

Um salto económico e demográfico

17:00 20/02/2010

A crise económica que estalou em 2008 a partir do colapso do sistema financeiro de EEUU afecta aos paises de maneira diferente, sendo debedora de factores institucionais e da determinação política, do nível de desenvolvimento, das estratégias empregadas para remediar o problema dos activos podres das entidades financieras ou, sobretodo, do desemprego provocado. Agora se conhece que não se producíu de igual forma na China ou Brasil, que seguiram crescendo, que em EEUU e na União Européia e de maneira desigual na República Francesa e no Estado espanhol. Dentro do Estado, Galiza sofre-a de modo diferente que Andaluzia e Catalunha e as demais CCAA mediterráneas, todas com um desemprego muito mais alto que o galego. Resulta aventurado, por outra parte, prognosticar em que medida propiciará transformações tendentes a superar o fundamentalismo de mercado, o domínio das grandes corporações e a ideologia do sistema neoliberal difundida desde o poder político estadounidense.

Sabendo do problemático que resulta abordar a questão da superação da crise, pode-se conxecturar, assim e todo, que Galiza terá um comportamento mais achegado ao da maioria dos Estados europeus que ao do Estado espanhol tomado no seu conjunto. A economia estatal tem que reduzir un desemprego que duplica o da UE por causa da caída irreversível da construção e dos servizos ligados ao turismo, entanto que o desemprego relativo galego é mui inferior ao espanhol, e a economia de Galiza tem un maior carácter exportador, chegando o valor do vendido por esta vía ao terzo do seu PIB.
 
Ainda estando pexada pola estatal e polas medidas políticas tomadas em Madrid, a economia galega tem uma notável relevo e independência. Sectores produtivos da Galiza destacam entre os correspondentes da Península. Passa isto com o automóvel, a confeção, a construção naval, o alumínio, a pesca, os cultivos marinhos e a conserva de peixe, a energia eléctrica, a produção láctea, a madeira, as rochas ornamentais ou a siderurgia. Fortaléceronse também as actividades referentes à informática, a electrónica, as telecomunicações ou a biotecnoloxia, arredor especialmente das faculdades e escolas técnicas superiores potenciadas ou estabelecidas nas últimas décadas, e ao mesmo tempo as tocantes à edição, a imprensa, a produção audiovisual e, em geral, à cultura.

Salienta a capacidade exportadora de múltiplas companhias, mas ligadas às principais economias européias, e para além, que as do Estado espanhol, com nomes tão representativos como Citröen, Inditex, Pescanova, Cooperativa de Armadores do Porto de Vigo, Jealsa Rianxeira, Coren, Leite Rio, Terras Gauda, Alcoa, Endesa, Cortizo, Finsa, Navantia, Barreras, Faurecia, Uro, San José, Puentes y Calzadas, Cupire, Tojeiro, Megasa, Disa Consulting, Televés ou Zeltia, no seio de uma extensa realidade partilhada por empresas medianas ou pequenas dos mesmos ou de outros sectores produtivos. Não se pode passar por alto, ademais, a tendência ao estabelecimento de filiais no exterior. Companhias galegas estão hoje presentes em muitos Estados, no espaço da União Européia ou em México, Argentina, Brasil, EEUU, China e a Indiana. Entre as CCAA, Galiza é de facto o primeiro importador e exportador a respeito de Portugal.

Grande desconhecida para os poderes políticos e mediáticos do Estado espanhol e ainda desconsiderada em parte da sociedade galega, a indústria dispõe da base necessária para situar a Galiza entre os paises mais desenvolvidos.
A sociedade galega padece ainda nos salários, nas pensões e na mesma estrutura produtiva as consequências da marxinação histórica e da maneira como se produziu a transformação das últimas décadas, que foi realizada, em especial na agricultura, de forma abrupta e penosa, com um maltrato culpável, quando se pudo fazer sem custos sociais e com melhores resultados económicos.

Mas, superada a crise e sobre aquel fundamento produtivo estará em condições de dar um singular salto económico e, depois de tantas décadas, agora também demográfico. Precisa naturalmente não só de decisões dos actores económicos e sociais, senão asemade da acção dos poderes públicos. Corresponde sobretudo ao Governo estatal, com o apoio da UE, o capítulo referente às principais infra-estruturas de comunicação, sabendo que o desenvolvimento económico da Galiza necessita com urgência da integração na rede ferroviária de alta velocidade de união com o centro da Europa, Portugal e o resto da Península e da organização unitária dos sistemas de portos e aeroportos, na consciência de que a marxinação nas vias de comunicação constituiu uma eiva decisiva para o desenvolvimento da economia desde o começo da revolução industrial no século XIX e mesmo entre os anos oitenta e noventa do século passado quando se encetou o plano de construção das auto-estradas deixando fora a Galiza, e só a Galiza.

As decisões a tomar afectam especialmente ao Governo Galego. Desde um exercício de autoestima e abandonando toda colonização política e mental sobre a realidade galega, tem o dever de acompanhar às iniciativas privadas e promover as acções públicas precisas, da proteção da preciosa natureza do país à potenciação da educação e do sistema universitário e das escolas técnicas, assegurando a existência de entidades financieras e fundos de investimento independentes ou estabelecendo novas empresas quando for necessário.

Será farto complicado convencer ao poder madrilenho de que Galiza tem uma estrutura económica e industrial rica, diferente e independente, mas devemos demandar e esperar que esta ideia inspire os propósitos e os programas dos que são ou forem elegidos para governar a nossa nação. Nisto haverá que afundar.

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Camilo Nogueira

Camilo Nogueira Román naceu en Lavadores (Vigo) en 1936. Enxeñeiro industrial e economista, foi eurodeputado polo BNG entre os anos 1999 e 2004.



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