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Pablo Gamallo

'Tijeretazos' na Xunta

10:25 21/06/2010

Hai poucos meses, encontrei num dos nossos jornais uma notícia sobre o programa de recursos humanos do Plan Galego I+D+i. Dizia o seguinte: 'La Xunta financia con 16 millones la contratación de 246 nuevos investigadores y tecnólogos'. Hai poucos dias o mesmo jornal publicava: 'La Xunta aportará 1,8 millones a los grupos de investigación de las universidades', em relação ao programa de consolidação e estruturação de unidades de investigação. Levo dias aguardando que algum jornalista ou político comente estas cifras e diga algo tão simples como isto: o orçamento do programa de recursos humanos em 2008 foi de 33 milhões e o de consolidação de 4 milhões. Portanto, o orçamento deste ano não chega nem à metade da quantidade destinada em 2008.

Imaginemos um caso análogo. Imaginemos que a partida orçamentária destinada a programas da  Conselharia de Educação baixasse de 100 milhões a 50. É evidente que é uma situação irreal, mas fagamos o esforço de imaginar um cenário como esse. De que jeito tratariam o tema os jornais? É obvio que ninguém ousaria escrever algo como 'La Xunta aportará 50 millones a colegios y programas escolares'. Nem o Conselheiro de Educação teria o valor de dizer algo semelhante. O esperado seria encontrar grandes manchetes com expressões tais como 'Tijeretazo para la educación', 'Recorte brutal para los colegios' 'Una educación con presupuesto tercermundista', etc. Pois bem, no âmbito da investigação, todo isto é bem real: não só se ousa recortar em mais da metade o orçamento para partidas fundamentais, não só os jornais publicam as notas de imprensa da Xunta sem a mais mínima crítica, senão que ainda lemos desvergonhadas jóias de cinismo como 'La Xunta afirma, en un comunicado, que con esta convocatoria vuelve a demostrar su implicación con el desarrollo de I+D+i.

Por que acontece isto no âmbito da investigação? O problema não é o nosso governo, ou polo menos não está só no governo. É um problema social. Um problema de todos. A maioria da gente ainda pensa que por trás da boa investigação não hai planos estratégicos, definição de linhas de orientação, organização de equipas humanas e técnicas de grande complexidade. A gente pensa que para atingir bons resultados é suficiente um pouco de teimosia, algo de genialidade e bastante de sorte, é dizer cousas que não é preciso financiar. Este é o clássico preconceito duma sociedade inmatura que ainda pensa que os tijolos valem mais que os miolos. Neste tipo de sociedades, os governos podem recortar em I+D+i a 'tijeretazo limpio' sem perder votos, ou, como muito, com perdas de carácter infinitesimal.

Depois de vários anos de subidas no investimento em I+D+i (que ainda está longe da média nacional, que, a sua vez, fica bem longe da média europeia), não podemos permitir-nos baixá-lo de novo a níveis inferiores ao 1% do PIB. Seria uma tragédia nacional, não só polo feito mesmo conjuntural de termos um baixo investimento, senão polo desconhecimento geral do que significa termos um tal baixo investimento. Um desconhecimento ou ignorância que retroalimenta, justifica e perpetua as políticas de recorte.

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Naceu en Vigo en 1969. É licenciado en Filoloxía Hispánica pola USC e Doutor en Lingüística pola Université Blaise Pascal, Franza. Actualmente, é docente-investigador Ramón y Cajal na USC, especializado en lingüística computacional. Máis información na súa web persoal. »



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