Três presos foram mortos por detentos rebelados da unidade 2 do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Osasco, na Grande São Paulo, esta quinta-feira. Durante o motim, presos tomaram oito agentes penitenciários como reféns, que libertaram logo após a invasão do local pela Tropa de Choque da Polícia Militar.
Oito presos sofreram queimaduras e foram levados para hospitais da região. A polícia suspeita que o motim seja mais um movimento organizado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). No final da tarde desta quinta, a Secretaria das Administrações Penitenciárias divulgou o nome dos três presos mortos. Trata-se de André Ricardo da Silva, Antônio Lemos de Sousa e Marcos Batista de Oliveira. De acordo com o coronel da Polícia Militar Osvaldo de Barros Júnior, eles foram mortos a estiletadas e pauladas
Durante a rebelião, que começou por volta das 8h50, os detentos estavam armados com facas, estiletes e barras de ferros e tomaram o pátio e o sector administrativo. O Corpo de Bombeiros foi accionado para apagar o incêndio provocado pelos presos em colchões e celas. A Tropa de Choque e policiais do Esquadrão Anti-Bomba jogaram bombas de efeito moral para que os presos retornassem para as suas celas. A operação causou tumulto do lado de fora do presídio, onde várias mulheres e parentes dos detentos enfrentaram a polícia e tentaram invadir o CDP.
Os amotinados fizeram uma série de reivindicações, entre elas, a saída do director de disciplina, Rosemberg Lourenço, acusado de agir com truculência e por maus-tratos, cursos profissionalizantes e a presença da TV para registar as exigências. No pátio, eles escreveram as palavras «PCC» e «paz».
Rebelião é «vandalismo»
O secretário das Administrações Penitenciárias de São Paulo, Nagashi Furukawa, considerou a rebelião um acto de «vandalismo». Ele afirmou que só vai levar em consideração as reclamações contra o director do presídio, acusado de maus tratos, já que, segundo ele, as instalações do CDP são novas e adequadas para os detentos. Segundo ele, será aberta uma sindicância para investigar o excesso de rigor reclamado pelos presos.
Após realizar uma operação pente-fino, a Polícia Militar encontrou entre 20 e 30 estiletes e facas manuais. No entanto, não foram encontrados aparelhos celulares ou mesmo túneis. A rebelião teria sido motivada por uma briga entre presos. O CDP, localizado na altura no quilómetro 20 da rodovia Raposo Tavares, abriga 755 detentos e tem capacidade para 768.
Os amotinados entregaram uma carta à imprensa com as suas reivindicações. Eles pedem o «fim da prepotência do director de disciplina do CDP-2, Rosemberg Lourenço; fim do abuso de poder por parte dos funcionários do CDP; fim das audiências por carta precatória; terapia ocupacional para os presos; laborterapia, em troca da remissão das penas; escola e cursos profissionalizantes; mais advogados para a população carcerária; e audiência com o secretário da Segurança Pública, Marco Vinício Petreluzzi». Além disso, os detentos querem negociar os termos do acordo para libertarem os outros reféns.